O teatro é feito pelos atores e o público, juntos eles promovem o espetáculo. Os atores com sua interpretação, o público com sua compreensão e resposta à narrativa. Quando um espetáculo começa, o público leva uns dez minutos para fazer a codificação do que está prestes a assistir. Se será um drama ou uma comédia; se será nonsense ou realista; se os atores falarão normalmente ou se a comunicação se dará por gramelô; enfim, quando o intérprete de Rosalinda adentra o palco, o público mais conservador leva um susto - é um espetáculo de "travestis"? Somente quando Gabriel Wink, intérprete de Ágatha entra em cena vestido de Rafael D'Alançon, é que a assistência respira aliviada - "muito bem, eles farão vários papéis..." Mas A Maldição do Vale Negro é também um espetáculo de travestis sim, é a resposta ao conservadorismo fajuto de muitas platéias. O Teatro não tem lugar para o preconceito, para o racismo, e outras formas de intolerância, ele é o ambiente da diversidade, tanto de idéias, quanto de tipos. Os atores sobre o palco falam antes de tudo de tolerância e de respeito.
O Centro Cultural de Horizontina estava abarrotado, platéia de todas as idades, alguns velhos conhecidos, o Máschara já estivera ali em 2008 com Esconderijos do Tempo; e o espetáculo aconteceu, chocando alguns, divertindo outros, exatamente como deve ser, uma peça de teatro não foi feita apenas para agradar, ela precisa antes de tudo despertar pontos de vista. O aplauso foi caloroso, gentil, deixando os atores atraídos para mais uma incursão. Horizontina faz parte agora daquele seleto grupo de cidades que possuem um bom espaço e um bom público. Claro que grandes Cias. dificilmente se apresentariam ali, hoje em dia as trupes das grandes cidades só se motivam a fazer seus espetáculos em grandes teatros, abarrotados de material técnico e centenas de refletores. Contudo eles perdem um público ansioso por teatro, por arte, por novidades. Um público carente de uma das mais antigas artes da humanidade.

Mas o fim da noite chegou, e mais uma vez o cenário foi desmontado, a sprinter carregada, e o teatro seguiu para outras paragens. Em busca de outros públicos, de outros teatros, de outras historias. Essa é a vida dos artistas... Penosa, árdua, cheia de altos e baixos.
O homem que aceita tais condições não pode ser comum, não pode ser como os outros. Dar tanto e receber tão pouco em troca... Na falta de outra coisa há o aplauso, é claro. Como ondas de amor que nos invadem dos pés a cabeça...
"Anne Baxter em A Malvada"
A Rainha
Só para corrigir: a professora de teatro do Frederico Jorge Logemann é a Isa, não a Dani.
ResponderExcluirAss.: Jovem entusiasta da arte.