Em um determinado dia do mês de dezembro de 2005, o produtor do meu grupo procurou-me dizendo que seria interessante montarmos algo a respeito do centenário de Mario Quintana. Na hora me preocupei, pois não gostava muito de Mario e conhecia muito pouco, afinal no colégio recebemos apenas uma pincelada da obra do poeta. Pois bem, reuni meu grupo e colocamo-nos a ler as obras, encomendamos de porto alegre quase toda a coleção, pois minha cidade não tem grandes acervos. Lemos, Lemos, Lemos... Fomos para o palco, pensando em: tias, folhas secas, lampiõesinhos e a figura da morte, mas não sabiamos onde chegar. Como é típico em uma montagem fizemos muita improvisação. Mas nada acontecia. Em um fim de semana uma de minhas colegas foi a porto alegre buscar mais material para pesquisa. Estavamos já uma pilha de nervos. Então sentei-me no chão do palco e comentei com uma das atrizes, "não é nada disso" Mario deveria estar na praça como ele esteve por tanto tempo. Ela disse mas como Cléber...? Tudo na praça? E ai me deu um clique Mário na praça de Porto Alegre, ou de qualquer lugar, interajindo com figuras de sua vida, ora a obra de Mario Quintana é toda a sua vida. Pensei ei! Por que não o Mario criança na praça e o Mario velho na praça.
Nós temos aqui uma lógica de trabalha assim... Todos os atores do grupo entram nas montagens, então sempre acabo por criar os personagens de acordo com o material humano que tenho. Então juntamos Mario, A glorinha e o amigo gouvarinho. A dulce comentou comigo, por que glorinha, e não lili? Ja que a personagem lili é tão importante? Eu comentei, ora,eu coloco uma Lili mas a glorinha fica como amiga do MArio, ai surgiu a Lili... com a cena do peixinho que estava no mesmo livro mda LIli inventa o mundo... Depois de Lili, faltava ainda alguma coisa e não sabia o que era. As crianças brincariam com o lampião e depois cresceriam envelheceriam e etc... Ai pensei Mario fala muito na morte, por que não termos a morte em cena? Mas quem, como não tinhamos muitas atrizes a propria Lili Faria a morte e para diferenciar bem, a morte não falaria durante o espetáculo. ok continuamos. e um dos meninos disse, cléber, eu fico de fora da peça? Eu que não queria magoar ninguém, disse , não tu faz o anjo. Ele disse qual, mas no texto ainda não tem anjo. Ai eu disse está tudo em minha cabeça. Fui para casa e passei a noite tentando encontrar solução, parecia-me uma cópia. Só me vinha acabeça um cupido, mas como por em um espetáculo adulto um cupido feito por um ator adulto? Ai a dulce disse, não põe cupido, acho que tem que ser algo mais consistente, original. Quebramos cabeça. O resto do espetáculo ja estava quase pronto e nada. Em um ensaio eu disse Gelton, inprovise. Ele pegou o livro e começou a recitar algums poesias e ficou muito ruim, ai mandei ele entrar com a bengala e me dar e algo aconteceu. Nos arrepiamos e percebemos que ficaria legal. Ai ele disse Cléber, posso também entrar na cena final. Ai a Dulce disse, faça algo como em o lava pés de cristo ai eu disse sim, mas o que??? Ai lembrei de "A morte é quando finalmente podemos estar deitados de sapatos "e pensei vamos usar isto.
Na primeira apresentação em Sinimbú, não tinhamos ainda a cena final... terminava quando ele morria. Ai eu disse, ei alguém lembra do final da musica se esta rua? e um dos rapazes disse Acho que é Se roubei, se roubei teu coração... Eu disse claro. Vamos colocar isso quando o mario levantar e comentei com o pessoal Sabem que o grande tema do cinema é a volta para casa? Em Et em E o vento Levou em Dr. Jivago... Ok vamos fazer o mario voltando, mas o que seria essa casa? A infancia e portanto a brincadeira com as crianças...
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